pra parar de ouvir as mesmas coisas #2
No começo dos anos 90, um movimento musical chamado death metal invadiu a Flórida e conquistou o coração dos jovens amantes de música agressiva no mundo inteiro. A coisa deu tão certo que logo já estava se espalhando pelo mundo e, tão logo se viu, já tinha dominado a Europa.
Nessas poucas linhas, acabo de definir minha adolescência. Bem, talvez nem toda ela, mas uma parte significativa. Bandas como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Deicide, Carcass, Hypocrisy, At The Gates e Death fizeram – e ainda fazem – parte da trilha sonora da minha vida na época.
Era algo simples, direto, sem frescura. Música por música, sem pose.
Infelizmente, hoje o death metal não é mais assim. As bandas parecem mais dar importância ao visual, carregado de couro, correntes, espetos, coturnos, cruzes invertidas e caras de mau, do que à música propriamente dita. E como se isso não bastasse, ainda há uma série de “regrinhas” de como ser um “real apreciador” do estilo assolando uma porção de mentes desinformadas e estragando tanto a nossa cena local quanto a mundial. Coisas absurdas como não poder usar bermuda, porque “bermuda é coisa de poser”, dentre outras babaquices que nada têm a ver com a música. Coisas tão absurdas que me fazem questionar se a inteligência do estilo fora deixada para trás nos anos 90. E por muito tempo minha resistência a essa “burocracia” do death metal atual me tornou uma espécie de misantropo. Desisti de me parecer com alguém que aprecia esse tipo de música, para tentar provar algo maior, tentar chocar mesmo. Mostrar que toda essa carga visual em nada adianta se não se conhece as bandas, a música.
Eis que, nos dias de hoje, para minha alegria, surge uma banda de death metal que nada contra a maré e traz de volta – ao menos para mim – o sentido do death metal dos 90. The Black Dahlia Murder é uma banda nova-iorquina composta por garotos provavelmente da minha idade, pois aquelas bandas que citei anteriormente constam em seu rol de influências. E, vejam só, eles não dão a mínima pra visual. Usam jeans e camiseta (nem sempre preta) no lugar do couro e das correntes, tênis All Star no lugar dos coturnos, cabelos curtos e – pasmem! – bermudas quando está calor, pois curtir metal não significa ser burro.
Em seu curto tempo de existência e em seus dois álbums (Unhallowed, de 2003 e Miasma, de 2005), eles se mostram mais brutais do que TODAS essas bandas carregadas de visual e “regrinhas”. Bateria rápida, riffs de guitarra assustadores, vocais extremamente gritados, alternados com guturais fortíssimos, letras insanas sobre forças do mal, zumbis invadindo cidades, pessoas enlouquecendo e demais temas politicamente incorretos, próprios do death metal que surgiu lá no início da minha adolescência, provando que para tocar um bom metal, basta querer tocar um bom metal. O tamanho do cabelo, a cor da camiseta e a presença (ou não) de espetos, cruzes e correntes são irrelevantes.
Pra ouvi-los: www.theblackdahliamurder.com
Nessas poucas linhas, acabo de definir minha adolescência. Bem, talvez nem toda ela, mas uma parte significativa. Bandas como Cannibal Corpse, Morbid Angel, Deicide, Carcass, Hypocrisy, At The Gates e Death fizeram – e ainda fazem – parte da trilha sonora da minha vida na época.
Era algo simples, direto, sem frescura. Música por música, sem pose.
Infelizmente, hoje o death metal não é mais assim. As bandas parecem mais dar importância ao visual, carregado de couro, correntes, espetos, coturnos, cruzes invertidas e caras de mau, do que à música propriamente dita. E como se isso não bastasse, ainda há uma série de “regrinhas” de como ser um “real apreciador” do estilo assolando uma porção de mentes desinformadas e estragando tanto a nossa cena local quanto a mundial. Coisas absurdas como não poder usar bermuda, porque “bermuda é coisa de poser”, dentre outras babaquices que nada têm a ver com a música. Coisas tão absurdas que me fazem questionar se a inteligência do estilo fora deixada para trás nos anos 90. E por muito tempo minha resistência a essa “burocracia” do death metal atual me tornou uma espécie de misantropo. Desisti de me parecer com alguém que aprecia esse tipo de música, para tentar provar algo maior, tentar chocar mesmo. Mostrar que toda essa carga visual em nada adianta se não se conhece as bandas, a música.
Eis que, nos dias de hoje, para minha alegria, surge uma banda de death metal que nada contra a maré e traz de volta – ao menos para mim – o sentido do death metal dos 90. The Black Dahlia Murder é uma banda nova-iorquina composta por garotos provavelmente da minha idade, pois aquelas bandas que citei anteriormente constam em seu rol de influências. E, vejam só, eles não dão a mínima pra visual. Usam jeans e camiseta (nem sempre preta) no lugar do couro e das correntes, tênis All Star no lugar dos coturnos, cabelos curtos e – pasmem! – bermudas quando está calor, pois curtir metal não significa ser burro.
Em seu curto tempo de existência e em seus dois álbums (Unhallowed, de 2003 e Miasma, de 2005), eles se mostram mais brutais do que TODAS essas bandas carregadas de visual e “regrinhas”. Bateria rápida, riffs de guitarra assustadores, vocais extremamente gritados, alternados com guturais fortíssimos, letras insanas sobre forças do mal, zumbis invadindo cidades, pessoas enlouquecendo e demais temas politicamente incorretos, próprios do death metal que surgiu lá no início da minha adolescência, provando que para tocar um bom metal, basta querer tocar um bom metal. O tamanho do cabelo, a cor da camiseta e a presença (ou não) de espetos, cruzes e correntes são irrelevantes.
Pra ouvi-los: www.theblackdahliamurder.com