Friday, December 15, 2006

pra parar de ouvir as mesmas coisas #6

Falam e falam e falam que eu não gosto de rock brasileiro, mas convenhamos: eu vou ouvir o quê?
Pitty? Detonautas? Charlie Brown Jr? Ou pior: Legião Ur(gh)bana?!

No caso das primeiras, não passam de cópias baratas da dita "atitude automática" vinda de fora. Aquela "atitude" pronta, enlatada, que parece fabricada em série (entre aspas porque de atitude mesmo, não tem nada). E são tão rasos, mas tão rasos que, quando aparecem bandas que se inspiram na quarta citada ali - que não fala nada com nada em suas letras, mas vai além do mero "supositório de cu é rola" -, fazem as pessoas dizerem asneiras do tipo "Eu gosto de Legião Urbana por causa das letras, que são muito boas". Claro que acham as letras boas, não entendem NADA delas! As letras do Legião e bandas derivadas mais parecem um amontoado de coisas que rimam e não fazem sentido algum - ao contrário das letrinhas "nhé" do pessoalzinho acima -, daí ninguém entende o que elas falam e então o povo, que não está muito acostumado a pensar, acha que, pelo fato de não entender nada, só pode ser pra lá de bom! Ledo engano...

Pra mim, no Brasil, em termos de pop/rock ao menos, existe muita gente de qualidade pra lá de duvidosa sendo vista como digna de respeito por sua obra que, na realidade, nem é grande coisa assim. Por isso que eu sou mais ligado em música internacional, porque bandas/artistas como Our Lady Peace, Live, John Mayer, Michelle Branch, Funeral For A Friend, Matchbox Twenty, Stars Align e uma interminável lista apresentam qualidade sonora, criativa e lírica muitíssimo maior do que as "grandes bandas nacionais", dentre elas os fraquíssimos Titãs (chega a dar pena dos coitados), Paralamas do Sucesso e o pobre do Barão Vermelho, que já nem sabe mais pra que lado atira: se é rock, se é samba, se é eletrônico, se é funk...

Mas nem tudo tá perdido pro rock nacional! Felizmente ainda existe gente que se esforça pra fazer coisa boa e acaba não devendo nadinha pros gringos, tanto em termos de criatividade quanto em produção. Uma pena que estes não façam tanto sucesso quanto os lixos citados acima. Ou de repente isso até é uma coisa boa, vai saber...

Um desses é um carioca chamado Jay Vaquer, cuja música eu conheço há alguns anos, mas conhecia pouco, porque em todas as lojas que eu entrava pra tentar comprar CDs dele eu ouvia sempre o mesmo "quem?" dos vendedores, que não faziam a mínima idéia de quem era o cara...

Mas esse ano eu consegui adquirir o material do Jay e comprovei que o som é realmente tão bom quanto os clipes dele que eu eventualmente via na TV.
Jay é filho de um antigo guitarrista americano, parceiro de Raul Seixas, igualmente chamado Jay Vaquer, e da cantora Jane Duboc. Herdou dos pais o gosto pela música, mas tentou "fugir" desse "mal" iniciando uma breve carreira de ator.

A música falou mais alto e hoje ele já tem 3 álbuns, repletos de guitarras, samples, batidas eletrônicas e acústicas, baixos marcantes, climas, arranjos de cordas e uma voz ora suave, ora forte, cantando letras REALMENTE inteligentes e bem escritas, que às vezes até brincam com a língua portuguesa com a segurança de quem sabe MESMO o que está fazendo.
Jay fala de amor, critica a vida moderna, põe o dedo na ferida de uma porção de falhas do ser humano e cria uma porção de imagens em suas canções. Imagens essas que vemos claras ao ouvir suas músicas e confirmamos assistindo seus videoclipes - que ele mesmo idealiza e banca.

É muito legal saber que, em meio a tanta porcaria fazendo sucesso no Brasil, invadindo nossas casas e nossas vidas até mesmo quando não damos permissão, existem coisas que valem a pena ouvir, prestar atenção e até gastar dinheiro com. São poucas, mas a música de Jay Vaquer é uma delas.

Pra conhecer o som dele, acesse
www.myspace.com/jayvaquer